A “Terra dos Invisíveis”, iniciativa da SP Invisível e iD\TBWA, revela que São Paulo possui quase 32 mil pessoas em situação de rua, dando visibilidade e voz à população em situação de rua de São Paulo através de dados demográficos e histórias de vida
Dentro da cidade de São Paulo, existe um município invisível para muitos, mas com uma população real de quase 32 mil habitantes. Essa “Terra dos Invisíveis” é fruto de uma iniciativa desenvolvida pela ONG SP Invisível em parceria com a agência iD\TBWA, destinada a dar visibilidade à realidade da população em situação de rua na capital paulista.
Os dados demográficos revelam que dessas 31.884 pessoas, 83,4% são homens e 16,6% mulheres, com uma média de idade de 42 anos. A maioria racial é parda (47,1%), seguida por brancos (25,8%) e pretos (23,7%). Mais da metade dessas pessoas (54,5%) vivem em moradias improvisadas feitas de papel, papelão, barracas de camping e outros materiais. Em termos de atividades econômicas, 57,2% da população realiza algum tipo de atividade econômica, com 27% atuando como catadores de materiais recicláveis.
Se a Terra dos Invisíveis fosse uma cidade oficial, ocuparia a 189ª posição no ranking populacional de São Paulo e a última posição no índice de IDH do estado. Nacionalmente, teria mais habitantes que 89% dos municípios brasileiros. São Paulo, aliás, abriga 25% de toda a população em situação de rua do país. A importância de apurar e divulgar esses dados reside na conscientização e sensibilização da sociedade para a existência dessa outra cidade dentro de São Paulo.
A ONG SP Invisível coletou dados oficiais sobre população, moradias, demografia e atividades econômicas para traçar um paralelo com uma cidade real, destacando a gravidade e a necessidade de intervenção. A campanha inclui a elaboração de um plano de ações baseado nas demandas dos moradores dessa Terra, entregue aos principais pré-candidatos à prefeitura de São Paulo. Intervenções urbanas com grafites e pins no Google Street View também visam demarcar e tornar visível o território ocupado por essa população.
As histórias de vida ouvidas pela SP Invisível durante a elaboração da Terra dos Invisíveis são um instrumento poderoso para criar empatia e mobilização. Um exemplo é a história de Anderson da Silva, de 41 anos, que vive há oito meses na Praça Marechal Deodoro, em Santa Cecília. Ele destaca como a sociedade muitas vezes não reconhece as pessoas em situação de rua como seres humanos.
“Antes desta situação já trabalhei no mercado, fui mecânico e tapeceiro, e fiz inúmeros serviços dignos. Entretanto, nós somos invisíveis para a sociedade, principalmente no meu caso, que dificilmente aceitarão ou irão confiar em um ex-presidiário”, argumenta Anderson.
A campanha foi planejada para gerar a repercussão necessária e ressaltar a importância dessa pauta, como explica Sthefan Ko, Diretor-Executivo de Criação da iD\TBWA. Pelo site oficial da Terra dos Invisíveis, é possível conhecer mais sobre essa “cidade” e contribuir com doações. Para doar, acesse o link.
A SP Invisível, criada em 2014, trabalha para transformar a realidade da população de rua em São Paulo. Seus pilares são a conscientização sobre a realidade dessas pessoas, assistencialismo para combater o frio e a fome, e assistência social para promover a inclusão produtiva. A parceria com a iD\TBWA, uma agência renomada no mercado brasileiro, reforça o impacto dessa iniciativa. Esse estudo demográfico e a campanha associada estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, especialmente na promoção da inclusão social, erradicação da pobreza e garantia de vidas dignas e trabalho decente para todos.
Fonte: observatorio3setor.org.br