Uma iniciativa inédita no Brasil realizada pelo Movimento por uma Cultura de Doação (MCD) busca cultivar a doação, incentivando um maior comprometimento com as organizações da sociedade civil (OSC).
Trata-se do Termômetro da Doação, instrumento que reúne dados importantes sobre o panorama da filantropia no país, com o intuito de traçar e monitorar estratégias que tragam melhorias para o setor. O novo mecanismo foi lançado no último dia 05 de setembro, durante evento realizado em São Paulo (SP).
Compreendendo a complexidade que envolve o fortalecimento de uma cultura doadora no Brasil, o Termômetro da Doação busca monitorar as cinco diretrizes que compõem o MCD: educar para uma cultura de doação; promover narrativas engajadoras; criar ambiente favorável; fortalecer as OSCs e fortalecer o ecossistema.
“Em 2019, o MCD iniciou um processo colaborativo de definição de suas diretrizes norteadoras. Percebeu-se, então, que seria necessário monitorar seus avanços ao longo do tempo para que os esforços do campo pudessem ser sempre canalizados para onde há lacunas a serem preenchidas”, detalha Pâmela Ribeiro, coordenadora de Programas do GIFE. Ela afirma que o objetivo do MCD é atualizar os dados periodicamente para que seja uma ferramenta de monitoramento constante.
“O Termômetro também serve para a gente comunicar para o campo e para a sociedade como um todo como nós estamos evoluindo como uma sociedade mais generosa, mais doadora, não apenas considerando as diretrizes, mas também olhando para as práticas”, completou Camila Cirillo – Coordenadora da Agenda de Avaliação do GIFE e Diretora Executiva da Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação (RBMA).
Como funciona
O Termômetro da Doação está disponível virtualmente no site do MCD e é composto por 13 capítulos, dando dicas, inclusive, de como aproveitar da melhor forma a leitura do relatório. Um dos pontos mais interessantes são as rubricas avaliativas, que compõem cada uma das diretrizes apresentadas desempenhando papel de escala avaliativa com cinco níveis de pontuação cada: “sem informação”, “ruim”, “regular”, “bom” e “excelente”.
A partir desses dados, “foram somados os pontos obtidos nas rubricas que a compõem e calculada a porcentagem sobre a máxima pontuação possível para aquela diretriz. O percentual obtido foi utilizado para atribuir a cada diretriz um nível de desempenho”, diz trecho do relatório. Esses níveis são: “regredindo ou crítico”, “estagnado”, “em desenvolvimento” e “avançado”.
Na Diretriz nº 1 (educar para a cultura de doação), por exemplo, seu nível de desempenho é “estagnado” tendo em vista que duas das seis rubricas apresentadas (“valorização do potencial transformador da doação” e “valorização das OSCs”) receberam a classificação “ruim”. As outras quatro são consideradas “regular”. Nenhuma delas pontuou na classificação “bom” ou “excelente”.
Além dessas, também foi elaborado um quadro geral de rubricas, que reúne indicadores sobre o atual cenário das doações no país. As informações dessa primeira edição foram elaboradas a partir de mais de 40 dados de 18 fontes referentes aos anos entre 2015 e 2023.
“É muito difícil pensar em como mensurar a evolução de uma cultura. Então ancorar a construção do termômetro nas diretrizes, que são amplas e muito potentes para o fortalecimento dessa cultura, foi a estratégia que a gente desenhou”, destacou Camila Cirillo.
“Esperamos que o Termômetro seja mais um importante instrumento para guiar o campo da cultura de doação e que contribua para a definição de estratégias, individuais ou coletivas, mais efetivas para a promoção de uma cultura mais doadora no Brasil”, finalizou Pâmela Ribeiro.
Fonte: gife.org.br