A filantropia tem como base a equidade, a superação de injustiças sociais e o combate às desigualdades. A produção de conhecimento é fundamental para analisar cenários e propor melhorias; no entanto, o Brasil enfrenta um cenário de desigualdade no acesso à informação. O assunto foi discutido na 12ª edição do Congresso GIFE.
O evento reuniu representantes de institutos sociais e pesquisadores voltados ao terceiro setor na plenária Conhecimento: Observatório do Investimento Social. Participaram do debate Carolina Martinez, diretora-geral na Stanford Social Innovation Review Brasil; Gelson Henrique, coordenador executivo na Iniciativa PIPA; Marcio Black, coordenador de Projetos no Instituto Peregum; Marcos Paulo Lucca Silveira, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Filantropia da Fundação José Luiz Egydio Setubal (FJLES); e Paula Fabiani, CEO no IDIS, com a moderação de Cássio Aoqui – sócio-fundador da ponteAponte.
De acordo com Marcos Paulo, coordenador do Núcleo de Pesquisas em Filantropia da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e um dos palestrantes da mesa, deter conhecimento e não disponibilizá-lo para todos é uma reprodução de desigualdade.
“Não adianta produzir informações e guardá-las, precisamos de formas efetivas de disseminação. Em uma sociedade tão desigual como a nossa, ter boas intenções não assegura mudanças. Só vamos saber se causamos diferença se houver análise rigorosa dos cenários”.
Quando se trata do terceiro setor, não são todas as organizações que têm acesso ou participam de pesquisas. Muitas vezes movimentos e projetos sociais de ponta, que atuam em bairros e comunidades, não conseguem mensurar ou compreender por completo as desigualdades que enfrentam porque não possuem acesso à pesquisas sobre a situação, o que impossibilita o desenvolvimento de ações.
O coordenador de Projetos do Instituto Peregum, Marcos Black, explica que, além de o conhecimento não ser facilmente acessado por toda a população, organizações do terceiro setor com poucos recursos ficam de fora do cenário analisado em pesquisas. “O conhecimento que a gente produz hoje é feito em um vocabulário que não é o de quem está na ponta. Precisamos propor um novo vocabulário para uma nova galera. Na realidade é preciso comunicar a realidade”.
Uma das principais iniciativas que buscam democratizar o acesso à informação para organizações do terceiro setor no Brasil, com foco nas periferias urbanas e rurais, é a PIPA. A iniciativa atua com objetivo de descentralizar os recursos privados e destiná-los a ações sociais que estão na ponta, a partir da produção de ferramentas que conectam os movimentos periféricos aos recursos filantrópicos. A PIPA é apoiada pela FJLES.
Outro projeto que promove a democratização do conhecimento é a Stanford Social Innovation Review, uma revista de artigos sobre transformação e investimento social. A publicação tem como objetivo mostrar não somente às grandes organizações e empresas, mas também à população e pequenos projetos sociais, quais ações e políticas podem ser desenvolvidas a partir de pesquisas. A iniciativa ingressou no Brasil por meio do apoio da FJLES.
Por: Ana Clara Godoi
Fonte: observatorio3setor.org.br