Saúde e inclusão: ações de conscientização sobre a Hanseníase

A Hanseníase, doença crônica e transmissível, causa estigma devido a incapacidades físicas; o Brasil registrou 119.698 casos nos últimos cinco anos, e ações de vigilância do Ministério da Saúde alinhados à campanhas de organizações do terceiro setor buscam diagnóstico precoce e combate ao preconceito.

A hanseníase é uma doença crônica e transmissível que tem predileção pela pele e pelos nervos periféricos, podendo apresentar surtos reacionais intercorrentes. Essa característica confere à doença um elevado potencial para causar incapacidades e deformidades físicas, sendo essas as principais razões para o estigma e discriminação enfrentados pelas pessoas afetadas. A transmissão ocorre de uma pessoa doente sem tratamento para outra, mediante contato próximo e prolongado. É importante ressaltar que a hanseníase é passível de cura, e o tratamento, oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), está disponível em unidades de saúde em todo o país.

Os primeiros indícios da hanseníase manifestam-se por meio de manchas cutâneas, originando lesões e diminuição da sensibilidade na região afetada. Além disso, podem surgir fraqueza muscular e sensações de formigamento nas mãos e nos pés. Caso não sejam tratados nos estágios iniciais, os casos da doença podem resultar em sequelas progressivas e permanentes, abrangendo deformidades, mutilações, redução da mobilidade dos membros e até mesmo cegueira.

No período de cinco anos, entre 2017 e 2021, o Brasil registrou 119.698 novos casos de hanseníase. Do total, 55,7% foram diagnosticados em indivíduos do sexo masculino, totalizando 66.613 casos. Esses números destacam a relevância de ações efetivas para o controle da doença, visando à detecção precoce, tratamento oportuno e prevenção de incapacidades físicas.

O Ministério da Saúde, em parceria com estados e municípios, promove ações de vigilância e educação em saúde. O objetivo dessas iniciativas é alertar a população sobre os sinais e sintomas da hanseníase, incentivando a procura pelos serviços de saúde. Além disso, mobiliza profissionais de saúde para a busca ativa de casos e investigação dos contatos, especialmente aqueles que convivem no mesmo domicílio, grupo com maior risco de adoecimento. As ações de busca ativa visam ao diagnóstico precoce, tratamento oportuno e prevenção de incapacidades físicas.

Diversas organizações se unem para alinhar-se à campanha, conheça alguma delas abaixo:

Ação Social Franciscana (SEFRAS)

A proposta de trabalho da Ação Social Franciscana (SEFRAS) se pauta pelo combate e eliminação da doença no Brasil, dentro de uma perspectiva franciscana de solidariedade e o compromisso com os menos favorecidos, por meio da acolhida, escuta, cuidado, defesa e apoio social às famílias pobres acometidas pela hanseníase. Nessa frente, a organização do terceiro setor promove a conscientização e promoção dos direitos humanos e da luta por políticas públicas de saúde voltadas para esta população.

Brasil Saúde e Ação (BRASA)

Hanseníase em Rede de Interfaces: saúde, educação e sociedade é um projeto que tem como objetivo promover o debate sobre o estigma e discriminação em hanseníase de forma a contribuir para a detecção precoce de casos e assim quebrar a cadeia de transmissão da doença, bem como estabelecer práticas colaborativas de enfrentamento da doença no município de Mossoró/RN.

O projeto idealizado, monitorado e realizado pela BRASA, organização que tem como objetivo  favorecer o desenvolvimento inclusivo de pessoas com deficiência, mulheres e jovens socialmente vulneráveis e pessoas acometidas pela hanseníase, tem parcerias significativas para seu trabalho com a Rede precisa, UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte,  MORHAN, ILEP Brasil e a Prefeitura de Mossoró.

Sociedade Brasileira de Dermatologia 

Em 2024, no Janeiro Roxo, mês de combate à doença, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lançou a campanha Enredos da Hansen(IA)se, uma iniciativa que usa a inteligência artificial para reunir as palavras e os assuntos mais comentados sobre o tema para compor a letra de um funk brasileiro que aborda a importância do diagnóstico precoce e do tratamento. Além da campanha músical, a SBD realiza o Simpósio de Hanseníase, evento que congrega especialistas no assunto para combate a doença.

A campanha contra a Hanseníase contribui para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda da ONU, especialmente no que diz respeito à saúde (ODS 3 – Saúde e Bem-Estar), redução das desigualdades (ODS 10 – Redução das Desigualdades) e parcerias para alcançar objetivos comuns (ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação).

Fonte: observatorio3setor.org.br

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