Redes de Voluntariado são instrumentos de promoção e fortalecimento do voluntariado criados para a melhoria da qualidade de vida da cidade ou região. São a grande oportunidade de participação solidária e cidadã da comunidade em organizações da sociedade civil, espaços públicos, projetos e causas.
As redes, centrais ou movimentos têm como objetivo:
- Promover o voluntariado;
- Oferecer visibilidade ao trabalho voluntário;
- Fortalecer a cultura e a prática do voluntariado;
- Qualificar o trabalho voluntário;
- Criar elos e construir pontes entre os voluntários e organizações da sociedade civil, espaços públicos, projetos ou causas;
- Apoiar programas e organizações, e ainda orientar e capacitar em gestão (mobilizar, capacitar e gerenciar voluntários);
- Identificar, valorizar, reconhecer e divulgar experiências exemplares de trabalho voluntário;
- Ser espaço de inspiração e facilitação para práticas genuínas e relevantes de voluntariado.
Desde 2004, o estado de São Paulo promove o fortalecimento de uma Rede Paulista de Voluntariado, apoiando grupos que em suas cidades criam centrais de voluntariado e abrem espaço para troca de experiências e encontros de aprendizagem. O movimento é local, a ação acontece em cada município, mas a criação de redes de apoio e plataformas facilitadoras, assim como a possibilidade de troca com movimentos globais, é fundamental.
Desde a década de 1970, existem organizações mundiais que promovem, fortalecem e celebram o voluntariado de diversas maneiras, como a International Association For Volunteer Effort (IAVE). Com membros em mais de 70 países, elas formam uma rede global de líderes de voluntariado, OSCs e empresas que compartilham a crença no poder dos voluntários para dar uma contribuição estratégica significativa a fim de resolver os problemas mais urgentes do mundo.
Essas organizações atuam por meio da convocação ao voluntariado, compartilhamento de conhecimento por meio de conferências regionais e globais, advocacy pela causa e o trabalho em rede. Na formação de centros de voluntariado, surgem grupos muito fortes na América Latina, como o Centro Latinoamericano de Voluntariado (CELAV).
Outro movimento que tem se destacado mundialmente e que tem participantes no Brasil é o IMPACT2030. Trata-se de uma iniciativa liderada pelo setor privado em colaboração com as Nações Unidas e setores sociais, públicos e acadêmicos, com a missão de ativar investimentos em capital humano por meio de programas de voluntariado para promover a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).
O programa possui um time de voluntários espalhados em vários países que mobilizam e convidam os responsáveis nas empresas dos Programas de Voluntariado Empresarial para esse engajamento. Com isso ativam a rede de voluntários, trabalham de forma colaborativa e medem o impacto e os resultados das atividades voluntárias para o alcance dos ODSs.
Afinal de contas, a gestão das empresas, das organizações e da vida das pessoas deve ser voltada para seu próprio desenvolvimento e para a sustentabilidade do mundo onde atuam. Voluntariado é ferramenta e possibilidade de participação!
Acredito que, pela primeira vez, esses movimentos estão realmente unidos. Pelo Voluntariado, claro, e também por essa agenda global que todos resolveram abraçar. No Brasil não está sendo diferente.Em 2017, sob a coordenação da Casa Civil, com apoio técnico e administrativo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e com um conselho constituído pela sociedade civil, o decreto nº 9.149, de 28 de agosto, criou o Programa Nacional de Voluntariado, instituindo o Prêmio Nacional do Voluntariado.
O Programa ganhou o nome de “Viva Voluntário” com as atribuições de incentivar ações de solidariedade, desenvolver a cidadania e engajar a sociedade na agenda de 2030 dos ODSs. Existe também o compromisso de viabilizar uma plataforma digital facilitadora das atividades voluntárias e ainda realizar anualmente a premiação de reconhecimento de boas práticas de voluntariado de pessoas, empresas e organizações.
- Consolidar a vocação transformadora do voluntariado por meio de práticas contínuas, permanentes, com indicadores, metas e resultados;
- Quebrar os paradigmas: voluntariado é sacrifício; em voluntariado tudo é de graça, e que basta boa vontade;
- Gerenciar o programa de voluntariado de forma eficiente: com orçamento, liderança, investimento em comunicação e ferramentas de gestão;
- Reconhecer e valorizar o trabalho dos voluntários;
- Adaptar-se a novos modelos e formas de atuação e expectativas das pessoas;
- Promover ações criativas, variadas: inovar, identificar oportunidades relevantes e significativas para quem recebe e para quem faz.
Os ODSs também são uma excelente oportunidade de engajamento. Primeiro porque criam um ambiente político favorável à defesa das causas das organizações, que muitas vezes encontram dificuldade de serem disseminadas e acolhidas pela sociedade, e que por meio dos objetivos se apresentam de maneira clara e com um impacto global.
Segundo porque essa agenda tem prazos, indicadores e metas concretas, e todos se unem para atingi-los. O que mobilizamos, na verdade, são pessoas, e entregamos para cada uma delas a possibilidade de adesão e atuação.A Agenda 2030, com seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou Metas Globais, é universal e exige ações de todos os países, etnias, credos, status econômico, etc. para garantir um mundo melhor, onde ninguém seja deixado para trás.
Para terminar minha reflexão, recorro ao texto do voo dos gansos, que é bastante conhecido. Será que sabemos mesmo trabalhar em rede? Será que estamos dispostos a nos unir e por meio do voluntariado dedicar tempo, energia e talento para alcançarmos essas metas desafiadoras até 2030, sem realmente deixar ninguém de fora?
A típica formação em “V” do voo dos gansos me traz a força do “V” do Voluntariado. Sabe por quê?
Voando na formação em “V”, o bando inteiro tem o seu desempenho 71% melhor do que se cada um voasse sozinho, pois quando um ganso bate as asas, cria um vácuo para o pássaro seguinte. O Voo, assim como o Voluntariado, traz ainda ensinamentos fundamentais para o trabalho em rede: união, confiança, encorajamento, apoio, colaboração e cooperação!
Fonte: filantropia.ong