A meta de saúde universal deveria estar ao alcance das Américas — uma região que tem sido líder mundial no progresso nessa área. No entanto, é necessário intensificar as ações e investimentos para acelerar o avanço, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, durante a cerimônia de abertura do 57º Conselho Diretivo da OPAS.
As observações foram feitas diante das principais autoridades de saúde de Américas do Norte, do Sul, Central e do Caribe, que se reúnem em Washington (Estados Unidos) esta semana para buscar um acordo sobre estratégias e planos capazes de enfrentar desafios comuns em saúde. Isso inclui um plano para reduzir as doenças cardiovasculares, eliminando os ácidos graxos trans produzidos industrialmente; uma estratégia para tornar o acesso a transplantes de órgãos, tecidos e células mais equitativo; e um plano para melhorar a qualidade do atendimento prestado nos serviços de saúde.
Dirigindo-se a mais de 100 delegados e representantes da sociedade civil presentes na reunião, Etienne citou os recentes sucessos em saúde alcançados pelos países das Américas, descritos no Relatório Global de Monitoramento de 2019 “Atenção Primária à Saúde no Caminho para a Cobertura Universal de Saúde”, lançado na Assembleia Geral das Nações Unidas na última semana.
A diretora da OPAS lembrou que as Américas têm a mais alta classificação entre todas as regiões em cobertura de serviços de saúde (79 em 100 no Índice de Cobertura de Serviços) e registraram aumento significativo na despesa pública regional média em saúde, de 3,8% para 4,2% do PIB nos últimos cinco anos.
Apesar de tal progresso, Etienne apontou para uma necessidade urgente de ação conjunta em desafios de saúde maiores que, “se não forem abordados, afetarão negativamente nossa capacidade coletiva de oferecer” saúde universal para o povo das Américas.
Entre eles, estão o aquecimento global e as mudanças climáticas, a prevenção da disseminação rápida e descontrolada de doenças infecciosas, a resistência antimicrobiana, a migração em massa e a produção de alimentos e água seguros, entre outros, “para os quais os riscos, desafios e possíveis impactos se estendem além das fronteiras nacionais”, observou Etienne.
A diretora da OPAS instou os ministros e os delegados a “trabalharem em conjunto para o bem global mútuo em muitas áreas”.
O secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Alex Azar, enfatizou a “orgulhosa história de cooperação nas Américas na área da saúde” e pediu uma colaboração contínua. “É importante lembrar que o objetivo final de nosso trabalho é a saúde de todas as pessoas”, disse.
Azar também destacou o trabalho de países – como a Colômbia – que receberam migrantes da Venezuela e afirmou que “estaremos mais aptos a responder a emergências de saúde se estivermos melhor preparados”.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, elogiou a região das Américas por ser “a única que viu melhorias na cobertura de serviços e proteção financeira”, mas citou as mudanças climáticas como um desafio particularmente importante.
“O que vi nas Bahamas é um lembrete trágico da necessidade urgente de mitigar e se adaptar às mudanças climáticas”, disse Tedros. Embora os pequenos Estados insulares sejam os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, eles estão entre os com maior risco. “Nossa visão é que, até 2030, todas as ilhas do Caribe terão um sistema de saúde resiliente às mudanças climáticas. Isso é ambicioso, mas factível”, acrescentou.
O ministro da Saúde Pública das Bahamas e o presidente cessante do Conselho Diretivo, Duane Sands, agradeceram à OPAS/OMS por sua assistência na restauração e reconstrução após o furacão Dorian. “Seu trabalho resultou em salvar inúmeras vidas, impedir a propagação de doenças e mortes e promover uma vida saudável para indivíduos, populações, comunidades e países sem medo ou favor”, alegou.
Sands afirmou ainda que a OPAS continua liderando o mundo com a erradicação, prevenção e controle de doenças, apesar da mudança de paisagens políticas e incertezas econômicas, e prestando atenção especial à diversidade cultural, sensibilidade étnica e proteção de populações vulneráveis. “A base da força da OPAS pode ser resumida: um país com todos os recursos do mundo não pode alcançar o que 39 países podem alcançar juntos”, pontuou.
O ministro da Saúde da Costa Rica, Daniel Salas Peraza, foi eleito presidente do 57º Conselho Diretivo da OPAS deste ano.
Fonte: nacoesunidas.org