O setor social no Brasil enfrenta desafios significativos, incluindo os efeitos da crise climática, violência, racismo, segurança alimentar e, sobretudo, desigualdades socioeconômicas históricas.
A pandemia da Covid-19 e duas guerras que se iniciaram em um espaço de 2 anos são apenas alguns dos eventos ocorridos neste curto período de tempo. São desafios complexos que necessitam de soluções complexas, que vão muito além do aumento do volume de financiamento ou escala de programas sociais, por exemplo.
Para nortear e inspirar investidores, filantropos, fundações e aceleradores de impacto, dentre outros atores, sobre o tema de mudança de sistemas, o Movimento Bem Maior (MBM), organização social que tem a missão de fortalecer a filantropia no Brasil, lança no país a edição em português do estudo “Abraçando a Complexidade”. O documento está disponível para download gratuito no site do MBM.
O relatório foi elaborado pela Ashoka, uma rede global de empreendedores sociais e líderes de mudança, e a McKinsey & Company, consultoria norte-americana que atua no meio empresarial e governamental, em parceria com a Catalyst 2030, Co-Impact, Echoing Green, Schwab Foundation for Social Entrepreneurship, Skoll Foundation e SYSTEMIQ.
O documento ainda inédito no Brasil apresenta uma série de recomendações para responder à pergunta: como melhorar o financiamento e o apoio à mudança de sistemas?
Raiz do problema
O relatório define o termo “mudança de sistemas”, basicamente, como tratar a raiz do problema (e não os sintomas) com a mudança de hábitos, estruturas e dinâmicas de poder. Essa dinâmica deve ser feita com parcerias, públicas ou privadas, com o objetivo de avançar nas questões sociais locais, nacionais e até globais.
Mas desafios sistêmicos exigem soluções sistêmicas e as principais práticas de financiamento, segundo o estudo, são inadequadas para essas mudanças. O texto destaca, por exemplo, a dificuldade que organizações sociais enfrentam com curtos prazos orçamentários, recursos limitados e a interferência de financiadores como grandes obstáculos nessas iniciativas.
“O cerne deste trabalho gira em torno do entendimento de que a mudança sistêmica é essencial para alcançar equidade, justiça e sustentabilidade. Como apoiadores das agendas públicas, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sabemos que é preciso ir além das soluções emergenciais de curto prazo se quisermos realmente enfrentar os desafios socioambientais da atualidade”, destaca Richard Sippli, diretor de Operações e Relações Institucionais do Movimento Bem Maior.
No estudo, 55% dos porta-vozes de mudança de sistemas entrevistados disseram acreditar que seus financiadores não fornecem o aporte necessário para realiza, de fato, as mudanças planejadas. Outro dado exemplifica esse comportamento do setor: 72% dos líderes de mudança de sistemas relataram que menos de 25% dos recursos que recebem é irrestrito.
Para produzir o estudo, além de consultar a literatura existente sobre o tema, foram feitas cerca de 50 entrevistas com financiadores, intermediários e líderes de mudança de sistemas espalhados por várias partes do mundo, entre eles o Brasil, gerando mais de 110 respostas.
“Nosso objetivo com o lançamento da edição brasileira do estudo é que os conceitos nele apresentados possam contribuir para inspirar organizações filantrópicas, o terceiro setor e demais interessados em promover essa mudança. Juntos podemos redirecionar o sistema de financiamento de mudanças transformadoras, para que o Brasil esteja mais preparado para enfrentar os desafios urgentes que enfrentamos”, afirma Sippli.
Fundado em 2018, o Movimento Bem Maior é uma organização social apartidária, sem fins lucrativos, que tem como objetivo fortalecer o ecossistema filantrópico do Brasil. Por meio do investimento de recursos financeiros e técnicos em projetos com capacidade de transformação social e sistêmica, o MBM atua com base na filantropia estratégica e por meio da articulação de redes, tendo como pilares o desenvolvimento do campo da filantropia e fortalecimento de organizações sociais de todo o país.
Saiba mais: https://movimentobemmaior.org.br/
Fonte: MOVIMENTO BEM MAIOR / gife.org.br