Realizado de 26 a 28 de março, encontro contou com uma programação composta por quatro painéis, que envolveram temas como educação, economia, tecnologia, filantropia e sustentabilidade, além das reuniões dos grupos de trabalho
Representantes de organizações brasileiras e internacionais participaram da primeira reunião do C20, que ocorreu entre os dias 26 e 28 de março, em Recife (PE). O encontro promoveu debates sobre as estratégias de incidência no G20, cuja cúpula de líderes acontecerá em novembro, no Rio de Janeiro. Em 2024, o grupo de engajamento da sociedade civil, o C20, está sendo coordenado pela organização pernambucana Gestos e pela Abong – Associação Brasileira de ONGs.
Durante o primeiro dia, os participantes acompanharam quatro painéis temáticos, que também foram transmitidos pelo Youtube. Os outros dois dias foram de programações internas com grupos de trabalho.
Após encerramento do encontro, em entrevista à CBN, Juliana Cesar, vice-presidenta do C20, revelou que os trabalhos foram bem sucedidos. “O encontro foi bastante proveitoso, conseguimos criar os calendários, definir prioridades para que a gente produza as recomendações que vão ser apresentadas na cúpula do G20.”
Cassio França, secretário-geral do GIFE, também em entrevista à CBN, comentou os desafios que serão enfrentados pelo C20 para este ano. “A participação da sociedade civil nas discussões multilaterais não pode ser apenas uma aspiração de desejo, temos que ser muito precisos e delinear quais os espaços multilaterais que almejamos, algo que a gente possa, ao longo do tempo, saber se as recomendações estão sendo atendidas ou não.”
Crise ambiental
Com o tema “Recife, Capital do C20 – Do local ao Internacional: Sociedade Civil responde à Tripla Crise”, o primeiro painel trouxe reflexões acerca das respostas da sociedade civil às crises ambientais. Durante o diálogo, foi reforçada a necessidade de articulações que promovam vínculos entre os debates internacionais e as realidades territoriais para criar estratégias que garantam justiça social e climática a cidades como Recife, que é a segunda capital mais desigual do Brasil.
Desigualdades
Debatendo “Economias inclusivas, anti-racistas e democráticas para eliminar as desigualdades intra e entre países”, o segundo painel trouxe debates sobre as vulnerabilidades sociais que têm atingido nações em desenvolvimento, especialmente populações do sul global, além dos cenários que refletem as problemáticas econômicas, como dívidas externas dos países mais pobres. Também foram elencadas estratégias resolutivas como a implementação de economias antirracistas, taxação dos super ricos e a reformulação da arquitetura econômica e financeira.
Garantia de Direitos
Com o tema: “O C20 Promovendo Direitos Indivisíveis: Saúde, Educação e Cultura e o Acesso à Tecnologia”, o penúltimo painel abordou reflexões sobre os desafios na garantia desses direitos – de forma inter-relacionada, além da necessidade do protagonismo dos países do sul nessa agenda. Diálogos sobre desigualdades digitais também ganharam espaço reforçando a necessidade de políticas públicas que universalizem o acesso a serviços digitais e à internet, tendo em vista quais tipos de tecnologias são necessárias perante a realidade local.
Filantropia
O painel “Governança, democracia, desenvolvimento sustentável, enfrentamento das desigualdades e o papel da filantropia” encerrou os debates abrindo um espaço inédito para o setor filantrópico dentro do C20, que pela primeira vez conta com o GT “Filantropia e desenvolvimento sustentável”, co-liderado pelo GIFE. Na oportunidade foram destacadas a necessidade de ampliação do setor enquanto aliado no enfrentamento aos desafios sociais, e a importância do capital social e político da filantropia em traçar estratégias para alcançar esses novos espaços e fortalecer os já conquistados.
Foram elencados ainda pontos que precisam de mudança, como a composição dos conselhos deliberativos que necessitam de equidade. “Não ter diversidade nos conselhos é fomentar olhar uma realidade com uma única lente”, enfatizou Cassio França. Dados do Censo GIFE 22/23, mostram que o percentual de pessoas brancas nos conselhos é de 92%, enquanto que apenas 7% são negros.
Confira a lista com o nome dos participantes de cada painel aqui.
Assista o primeiro encontro presencial do C20 no Youtube: parte 1 e parte 2.
Foto: GIFE
Fonte: gife.org.br