Crianças são vítimas ocultas da pandemia, afirma ONU

Produzido por órgãos da ONU, relatório revela que os impactos da pandemia em crianças podem perdurar por toda a vida.

As crianças e os adolescentes são as principais vítimas ocultas da pandemia de coronavírus, aponta um relatório produzido por órgãos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Impactados por restrições educacionais, alimentares e de renda, esses jovens sofreram com efeitos que podem perdurar por toda a vida, aponta o estudo.

O documento diz que há uma crise sem precedentes na educação e defende o reforço de programas sociais para fazer frente aos efeitos negativos da pandemia. Aponta ainda que famílias com crianças e adolescentes tiveram queda de renda mais intensa no período.

O relatório foi produzido pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em parceria com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a Opas (Organização Pan-americana da Saúde).

A avaliação é que a pandemia aumentou as desigualdades e seus efeitos sociais, econômicos e de saúde. Contudo, esses resultados só serão sentidos nos próximos anos, com efeitos mais severos sobre os mais jovens.

Dados do Unicef apontam que em outubro de 2020, o Brasil tinha 5,5 milhões de jovens sem direito à educação, seja por não estarem na escola remota ou presencialmente, seja por não terem recebido nenhuma atividade escolar.

No mundo, mais de 1,4 bilhão de jovens foram afetados pelo fechamento das escolas. A taxa de estudantes fora da escola é mais alta em países de menor desenvolvimento.

O Unicef também aponta que 28% das famílias no Brasil não têm acesso à internet. Esse percentual é mais alto para famílias de renda menor, chegando a 48% em áreas rurais.

A situação, somada às dificuldades de acesso a tecnologias e à internet, pode gerar um aumento nas taxas de abandono escolar, trabalho infantil e gravidez na adolescência.

Renda e insegurança alimentar

O relatório ainda mostra que famílias com crianças e adolescentes apresentaram maior queda na renda e maior insegurança alimentar por causa da pandemia.

Entre os entrevistados no Brasil que não possuíam jovens na família, 50% declararam que o rendimento domiciliar caiu durante a crise sanitária. No recorte feito com as pessoas que residem com crianças ou adolescentes, 61% relataram diminuição de renda.

Esse efeito foi mais forte entre as pessoas com remuneração de até um salário mínimo. Nesse grupo, 69% afirmaram que tiveram perda de renda na pandemia.

Segundo o documento, o mundo está retrocedendo em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que buscam ações para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida das pessoas. A avaliação é que os jovens são os mais afetados por esse retrocesso.

Por: Mariana Lima

Fonte: Folha de S. Paulo / observatorio3setor.org.br

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