Entre os dias 6 e 18 de novembro aconteceu, no Egito, a COP-27 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). Um dos temas discutidos no evento foi o racismo ambiental, pautado pela Coalizão Negra Por Direitos. Representando organizações do terceiro setor que estiveram no evento, Criola também esteve presente nas discussões sobre justiça climática e vivências negras.
O termo racismo ambiental designa o fato de que as populações mais atingidas pelas mudanças climáticas são, em sua maioria, aqueles que habitam nas periferias das grandes cidades ao redor do mundo. Dessa forma, a organização aponta que as soluções propostas pela COP-27 devem levar em consideração as situações específicas de cada população.
“É impossível alcançar a justiça climática sem combater o racismo e o patriarcado. As populações mais afetadas pelas mudanças climáticas, e que já sentem os seus efeitos na atualidade, têm cor”, aponta Marina Fonseca, antropóloga e assessora política da Criola.
Os representantes do Sul global, principalmente os pertencentes ao terceiro setor, trouxeram para a discussão o argumento que eles não devem lidar sozinhos com os efeitos das mudanças climáticas, tendo em vista que os seus países foram os que menos contribuíram para o problema. Marina conta que, nos pavilhões, compostos pelos países e pela sociedade civil, foram diversos espaços de discussão sobre racismo ambiental e a necessidade de se pensar a justiça climática pelo prisma de raça e gênero.
A vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, também falou sobre o racismo ambiental em seu discurso: “Não podemos avançar na justiça climática deixando de lado o racismo, o patriarcado, o colonialismo e a escravidão, que foram as bases que fundaram a economia global de mercado”.
Por acontecer na África, havia uma expectativa que a conferência focaria mais nos problemas da região, de modo que ela ficou conhecida como “COP da África”. No entanto, Marina Fonseca indica que isso não aconteceu. Houve participação de organizações da sociedade civil de diferentes países africanos, com diversas manifestações públicas, mas os debates sobre a condição do continente com o avanço das mudanças climáticas não geraram os resultados esperados.
Outros pontos levantados na conferência foram a discussão de perdas e danos, sobre quem pagará a conta das mudanças climáticas que já estão afetando a população mundial, a questão do uso dos combustíveis fósseis, responsáveis por uma em cada cinco mortes no mundo, segundo estudo publicado na revista estadunidense Environmental Research, e o mercado de créditos de carbono, criado na COP-26.
No dia da Consciência Negra, estreou o mini-documentário em celebração dos 30 anos da Criola. A produção relembra as falas das ialodês que participaram dos encontros da organização do mês de setembro, como a roda de samba com Moça Prosa, o tour pelo Rio Antigo e a celebração no Museu da Historia e da Cultura Afro-Brasileira. O documentário pode ser assistindo no link.
Por: Julia Bonin
Fonte: observatorio3setor.org.br