8,8 milhões de jovens brasileiros não concluíram o ensino médio e não frequentam educação básica

Pesquisa realizada pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho revela as causas e as consequências por trás desses números

No Brasil, 8,8 milhões de jovens de 18 a 29 anos não concluíram o ensino médio e não frequentam nenhuma instituição de educação básica. Os dados foram coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016-2023 (PNAD), realizada pelo IBGE e divulgada em fevereiro deste ano. Ainda segundo o levantamento, o ensino médio é a fase da formação com a maior evasão escolar.  De acordo com o Censo, de 2020 a 2021, 7% dos alunos do 1º ano desistiram dos estudos e 4,1% foram reprovados.

A pesquisa “Juventudes fora da escola” se propôs a compreender os principais motivos e consequências por trás desses números. A pesquisa, realizada pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho, ouviu mais de 1,6 mil jovens, de 15 a 29 anos, em todo o país. 

O principal fator citado para a não conclusão da educação básica, foi a necessidade de trabalhar. Mas ressaltaram que não o teriam feito se soubessem que as oportunidades de trabalho sem o nível de ensino médio são limitadas e precárias; se tivessem auxílio para conciliar o emprego e os estudos; e ainda se a escola os preparasse melhor para cursar uma faculdade, e para o mercado de trabalho.

“A maioria desses jovens provém de famílias com renda per capita de até 1 salário-mínimo, sendo que sete em cada 10 são negros. É alarmante constatar que 86% deles já ultrapassaram a faixa etária adequada para frequentar o ensino regular”, afirma Rosalina Soares, assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho.

“Enquanto para os jovens das camadas mais privilegiadas é praticamente uma formalidade concluir o ensino médio, para as juventudes mais vulneráveis, a violação do direito à educação não tem recebido o devido cuidado”, complementa Rosalina.

Entre os destaques, o documento revela que 73% dos jovens que estão fora da escola pretendem concluir a educação básica, em busca de garantir um emprego melhor (37%), conseguir um emprego (15%), ou ainda pelo desejo de cursar o ensino superior (28%). No entanto, a pesquisa constata que não há uma única iniciativa/política que seja suficiente para assegurar o retorno de todos eles. 

Em contrapartida, 27% dos respondentes afirmaram que não pretendem concluir a educação básica devido à necessidade de trabalhar (32%), e de cuidar da família (17%). 

De acordo com os especialistas em educação e mercado de trabalho ouvidos pelo levantamento, para solucionar a evasão escolar, é preciso um conjunto de soluções que dependem de atuação intersetorial no nível local e oferta de diversas modalidades de ensino.

Os jovens também dividiram quais motivações os levariam a retomar os estudos. Os principais elementos apontados foram a possibilidade de conciliar escola e trabalho, flexibilidade de horários, opções de estudar online no Ensino Médio regular, Educação de Jovens Adultos – EJA e ensino técnico, auxílio-financeiro, creche para seus filhos, acolhimento e orientação.

Fonte: gife.org.br

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