IDIS lança relatório com 8 perspectivas para a filantropia no Brasil em 2024

O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) acaba de lançar o relatório Perspectivas para a Filantropia no Brasil 2024. 

O documento aborda as principais tendências e desafios no campo da filantropia, oferecendo uma visão sobre o atual cenário brasileiro.

A primeira perspectiva do relatório destaca a abordagem integrada da filantropia diante da “policrise”. A crise global, caracterizada por desafios interconectados, exige respostas inovadoras e sistêmicas. O IDIS ressalta a importância de ações que abordem causas estruturantes, promovendo mudanças significativas e duradouras.

O segundo ponto aborda a crescente tendência de compromissos públicos por parte de empresas e organizações. O IDIS destaca exemplos de empresas brasileiras que assumiram metas claras relacionadas à sustentabilidade, equidade racial e educação. No entanto, o relatório alerta para os riscos de “washings”, ressaltando a importância de metas e cronogramas transparentes.

A terceira perspectiva concentra-se na identificação do Brasil como figura central nas discussões globais sobre clima e meio ambiente. O relatório destaca a preocupação com o desmatamento na Amazônia e a necessidade de ações filantrópicas que promovam inovação e diversificação de mecanismos de captação de recursos para a preservação ambiental.

O relatório também indica o avanço de iniciativas filantrópicas em diferentes regiões do Brasil, endereçando desafios locais. A descentralização e a sensibilidade às particularidades locais, principalmente por parte de empresas familiares e filantropos individuais, promove transformações socioambientais em diversas partes do país.

Ambiente regulatório favorável ao Terceiro Setor

A quinta perspectiva aborda a importância de um ambiente regulatório favorável ao Terceiro Setor. O IDIS destaca a necessidade de um marco legal que incentive a doação, forneça benefícios fiscais às organizações da sociedade civil (OSCs) e garanta transparência e boa governança. 

“Dados e evidências são elementos estruturantes para a definição de políticas públicas. O estudo das 27 legislações estaduais do ITD/ ITCDM pelo Sustenta OSC (iniciativa do GIFE com a FGV Direito SP) deu embasamento técnico para a defesa do fim da cobrança do imposto no texto na reforma tributária, feita por organizações como o Instituto Beja e a ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos, que tem entre seus doadores veículos de filantropia familiar como a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, o Instituto ACP e o Movimento Bem Maior”, indica o relatório.

Avaliação de Impacto, governança e diversidade

O relatório destaca a crescente importância da avaliação de impacto no contexto da Agenda ESG (Ambiental, Social e Governança). Diante das preocupações com a qualidade de dados referentes ao pilar social, o uso de metodologias de avaliação de impacto surge como uma solução crucial. O Social & Human Capitals Protocol, da Capitals Coalition, é mencionado como uma iniciativa para integrar avaliações de impacto holísticas e estratégias de sustentabilidade. Além disso, ferramentas de Inteligência Artificial e blockchain são identificadas como potenciais revolucionárias na rastreabilidade e integridade dos dados de impacto.

A importância da governança no desenvolvimento socioambiental também é enfatizada. A participação dos beneficiários nos processos decisórios e a transparência dos financiadores ganham destaque. A aprovação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de medidas relacionadas à diversidade nos conselhos de administração é mencionada como um passo significativo.

Inteligência Artificial no Terceiro Setor

A oitava e última perspectiva aborda o papel da Inteligência Artificial (IA) no setor filantrópico, diante de seu crescimento e a polarização de opiniões sobre seus benefícios e riscos. O IDIS cita a pesquisa da Charities Aid Foundation (CAF), que  indica uma percepção positiva entre os brasileiros sobre as oportunidades oferecidas pela IA no Terceiro Setor. 

A importância da utilização responsável da IA, transparência e atenção aos riscos é enfatizada, considerando a desconfiança histórica da população em relação ao Terceiro Setor. O debate sobre o potencial da IA para otimizar processos, analisar dados e apoiar iniciativas filantrópicas também é citado, ressaltando a necessidade de investimentos para aproveitar seu pleno potencial.

Fonte: captadores.org.br

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