Brasil é primeiro país do sul global a mobilizar compromisso nacional da filantropia sobre mudanças climáticas

Investidores Sociais Privados e organizações da sociedade civil que atuam no setor filantrópico assinaram durante a COP 28, em Dubai/Emirados Árabes, o Compromisso Brasileiro da Filantropia sobre Mudanças Climáticas. 

O documento já conta com 30 signatárias, mobilizadas pelo GIFE; o Brasil é o primeiro país do sul global a mobilizar um compromisso nacional nessa agenda.

Em 2022, no Egito, durante a COP 27, um grupo de organizações também aderiu ao Compromisso Internacional da Filantropia sobre Mudanças Climáticas. 

Ricardo Batista, coordenador de políticas públicas do GIFE, conta que o documento repete a estrutura do compromisso internacional, mas com uma redação própria. A primeira etapa foi uma análise dos países que já implementaram compromissos nacionais – Espanha, Canadá, Itália, França e Reino Unido. “Mais de 90% das organizações signatárias do #PhilantropyForClimate são desses países. Enquanto o sul global detinha apenas 4% das assinaturas.”

A partir disso, o GIFE se reuniu com lideranças do setor para definir os pontos fundamentais do compromisso brasileiro. O número de adesões mais que triplicou em relação ao compromisso internacional. “Temos singularidades. Não podemos simplesmente importar um movimento”, pondera Cássio França, secretário-geral do GIFE.

Agenda climática não deve disputar espaço com as demais áreas de atuação

O texto apresentado em Dubai é estruturado em oito pilares de ação: Educação e aprendizagem; Alocação de recursos; Visão sistêmica; Patrimônio, fundos e ativos financeiros; Operações; Articulação, influência e advocacy; Posicionamento e identidade; Transparência e aprendizado.

Para Ricardo Batista, o eixo 7 [identidade], é o mais importante do compromisso. “Não podemos pensar que somos sequer parecidos com o norte global. Temos desigualdades, a equidade racial, por exemplo, é central para a questão climática no Brasil.”  

Dados apontam que menos de 2% dos recursos globais de filantropia são direcionados para temas de clima. Cássio França, no entanto, ressalta que o objetivo não é que todos os associados se tornem especialistas em clima, ou que a agenda climática dispute espaço com outras pautas dos investidores sociais. Mas que esses se questionem o que é possível fazer a respeito desse compromisso dentro das suas próprias áreas de atuação.

Expectativas

O próximo passo, aponta Ricardo Batista, é consolidar uma rede de organizações da filantropia comprometida com a agenda do clima. No longo prazo, chama a atenção para o protagonismo do sul global nos espaços de governança internacionais, como a presidência do Brasil no G20, em 2024, e a COP 30 em Belém (PA), em 2025. 

“Queremos chegar na COP 30 com resultados concretos de contribuição da filantropia, de forma coletiva e coordenada”, projeta.

Fonte: gife.org.br

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