Brasil é um dos países com maior desigualdade de gênero no parlamento

Em 2019, Decreto 9759, extinguiu todos os conselhos e órgãos colegiados ligados à administração federal

No Brasil, 53% do eleitorado é feminino, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados em 2022. No entanto, quando o assunto é a ocupação de espaços políticos, esse cenário é amplamente invertido, expondo as dificuldades que mulheres enfrentam para ocuparem ambientes de poder e decisão. Nesse sentido, o Brasil tem um dos parlamentos mais desiguais do mundo, como aponta a base de dados do Ipu Parline.

Com sede na Suíça, a Ipu Parline – Global Data on National Parliaments divulga um ranking com a porcentagem de mulheres nos parlamentos nacionais. Os dados são divididos em dois tópicos principais, que apresentam informações referentes à Lower or single House e Upper Chamber, que no Brasil correspondem à Câmara dos Deputados e ao Senado, respectivamente.  No mês de setembro de 2023, em uma lista com 193 países, o Brasil ocupou apenas o 131º lugar. As informações detalham o número de cadeiras em cada Casa parlamentar e a quantidade ocupada por mulheres. 

Realidade é ainda pior para mulheres negras

No  Brasil, a Câmara dos Deputados possui 513 assentos, mas apenas 90 são ocupados por deputadas. No Senado, dentre os 81 parlamentares, apenas 15 são do sexo feminino.  A realidade é ainda pior para mulheres negras. Dos 27 senadores eleitos em 2022, apenas quatro são mulheres, nenhuma negra. Na Câmara, das 94 deputadas eleitas, nove são negras.

“Há 3 fatores principais que afastam mulheres negras da política institucional: a pobreza de tempo; a difícil penetração em círculos de poder que requerem capital político e social e a violência política de gênero e raça”, explica Tainah Pereira, coordenadora política do movimento Mulheres Negras Decidem (MND), que atua no combate às desigualdades de gênero e raça na política brasileira.

Liderança do movimento, ela aponta ser urgente a atuação de mais trabalhos como o MND, caminho que ela julga oportuno a partir de uma luta coletiva. Para ela, a filantropia pode ser um importante catalisador na luta para alterar o cenário de desigualdade de gênero na política. “O investimento social privado é muito importante nesse sentido, colaborando com a superação desses gargalos estruturais, em alguma medida. Com esse apoio é possível, por exemplo, alavancar as campanhas, projetos e perfis de mulheres lideranças coletivas, tornando-as quadros políticos mais competitivos.”

A jovem aponta o trabalho de incidência realizado pelo MND como uma referência e caminho para a luta por maior representatividade nos espaços de poder. “A partir da consolidação desse entendimento, é importante contar essas histórias de sucesso. Visibilizar essas lideranças inspiradoras para que outras surjam”, conclui.

Fonte: gife.org.br

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