O assunto foi abordado na declaração final da Cúpula da Amazônia e aponta que 4.114 pontos de mineração ilegal assolam a Amazônia; o estudo foi realizado pelo WWF-Brasil a pedido da Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia (OTCA)
Um Levantamento produzido pelo WWF-Brasil a pedido da Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia (OTCA) aponta que 4.114 pontos de mineração ilegal assolam a Amazônia. A questão é histórica e alcança todos os países da bacia amazônica. Desde 1994, cerca de 2.300 toneladas de mercúrio foram despejadas na Amazônia brasileira. Porém este número, que já era alto, tem crescido cada vez mais: hoje, de acordo com uma série de estudos analisados, acredita-se que estejam sendo despejados 150 toneladas de mercúrio por ano na região.
As populações ribeirinhas e indígenas são as mais prejudicadas pela contaminação por mercúrio. Eles apresentam níveis de infecção superiores ao estabelecido pela Organização Mundial de Saúde. No Brasil e no Equador, as comunidades ribeirinhas são as mais afetadas, com médias de concentração de 15,43 e 12,3 (ppm), respectivamente. No Peru e na Colômbia, a maior atenção deve ser dada às comunidades indígenas, que apresentam médias de concentração do metal em 27,75 e 23,01 (ppm), respectivamente.
De acordo com a nota técnica, dentre os países que fazem parte do bioma, o Brasil apresenta os maiores valores de concentração de mercúrio encontrados nas diversas espécies de peixes: são 8,71 (ppm), seguido pela Guiana Francesa com 6,45 (ppm) e Suriname com 4,62 (ppm). Ainda neste ano, um estudo apontou que peixes de seis estados da Amazônia brasileira apresentaram níveis de contaminação acima do limite aceitável.
Estudos como esse estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, sendo os ODS 13, 14, 15, ação contra a mudança global do clima, vida na água e vida terrestre.
Os efeitos do mercúrio são danosos e muitas vezes irreversíveis. Afeta o sistema nervoso, trato digestivo, sistema imunológico, pulmões e rins também provocam danos na formação de bebês que podem ser prejudicados com danos cerebrais como paralisia motora e problemas na audição e visão. “Além do impacto que causa ao meio ambiente, o mercúrio também afeta a saúde pública – e este é um problema ainda subnotificado, que exige com urgência um plano de ação para cuidar das pessoas afetadas”, ressalta Raul do Valle, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil.
Os dados apontados na nota técnica foram reunidos pelo Observatório do Mercúrio, maior iniciativa de compilação e georreferenciamento de informações ambientais e de contaminação por mercúrio em humanos e peixes na região Amazônica. A base de dados abrange 139 estudos, dos anos de 1990 a 2022, para níveis de contaminação em populações humanas, e 94 estudos, de 1992 a 2022, para níveis de contaminação em peixes.
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é uma organização intergovernamental, formada por oito países amazônicos: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, que assinaram o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), tornando-se o único bloco socioambiental da América Latina.
O WWF-Brasil é uma ONG brasileira que há 26 anos atua coletivamente com parceiros da sociedade civil, academia, governos e empresas em todo país para combater a degradação socioambiental e defender a vida das pessoas e da natureza.
Fonte: observatorio3setor.org.br