Injustiça estrutural: como sociedade, governo e setor privado podem se unir para combatê-la

Ao longo dos últimos meses, o Brasil bateu novos recordes, daqueles que não trazem motivos para comemorar. O país atingiu o número de 14,4 milhões de desempregados segundo o IBGE, além de 6 milhões de desalentados, com crescimento de 26,8% no período de um ano. Recentemente o recorte do desemprego entre os jovens foi evidenciado na publicação Atlas das Juventudes, que apontou que essa parcela da população foi a que mais perdeu em renda e que 1 em cada 4 jovens gostaria de estar trabalhando, mas está desempregado.

A pandemia do coronavírus aprofundou uma realidade já conhecida: a da injustiça estrutural. Consideramos injustiças estruturais aquelas replicadas por um sistema que enfraquece grupos sociais específicos e se manifesta de maneiras diferentes nas comunidades. E por isso os jovens devem ter a atenção especial de toda a sociedade.

Atuar na formação das juventudes não é apenas necessário, mas também benéfico para a economia. O Mapeamento dos Jovens-Potência na cidade de São Paulo feito pelo GOYN SP (Global Opportunity Youth Network) em parceria com a Accenture Brasil em 2020, concluiu que incluir produtivamente a juventude pode somar até 0,3% ao PIB da cidade de São Paulo, um total de R$ 2 bilhões.

O mesmo documento estima que existam em São Paulo mais de 765 mil Jovens-Potência — pessoas entre 15 a 29 anos em situação de vulnerabilidade social e sem oportunidade de formação acadêmica e/ou emprego formal. O Brasil nunca teve tantos jovens como agora e esta é a última chance para o país aproveitar esse bônus demográfico.

Por isso, combater as injustiças estruturais que impedem a inclusão dos jovens no mercado de trabalho é interessante não só para eles, mas para toda a sociedade. Este ano foi lançado o estudo “Desafios e Oportunidades para a Inclusão Produtiva de Jovens-Potência na cidade de São Paulo”, que indicou quatro grandes desafios a serem trabalhados pela inclusão desses jovens: racismo estrutural, evasão escolar, lacuna digital e crise laboral. A partir dos dados podemos pensar na construção de soluções dos problemas que geram as injustiças estruturais na maior cidade do País.

Uma realidade tão profundamente enraizada não pode ser mudada com paliativos. Segundo estudo da Fundação Arymax, “O Futuro da Inclusão Produtiva no Pós Pandemia”, a pandemia trouxe muitos desafios, mas destacou que temos o potencial de espaços de inovação que combinem a inovação social e inclusão produtiva, assim como uma oportunidade para coordenação de esforços. É necessário um trabalho que envolva setor privado, sociedade civil, terceiro setor e governo, com iniciativas de inclusão produtiva, via emprego formal e empreendedorismo, que atinjam um número suficiente de pessoas para que toda a estrutura social possa se mover – para melhor.

Diante do grave cenário de deterioração econômica, as iniciativas de inclusão produtiva devem ser tratadas diferentemente de acordo com os públicos e as necessidades das regiões do Brasil, no entanto deve ser uma prioridade de governos e do investimento social privado. Trabalhar em colaboração e com o jovem no centro é crucial nesse momento de mudança da nossa pirâmide geracional, podendo assim garantir um futuro desta e das próximas gerações.

Daniela Saraiva Santos, líder do GOYN SP (Global Opportunity Youth Network São Paulo), programa articulado pela United Way Brasil, é mestra em Relações Internacionais pela Universidade de Kent (Inglaterra) e trabalhou no Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU (Genebra, Suíça)

SOBRE O GOYN SP
O Global Opportunity Youth Network, conhecido pela sigla GOYN, é um programa global que envolve pessoas, empresas, fundações, organizações sociais e poder público para criar soluções voltadas à inclusão produtiva de jovens em situação de vulnerabilidade social. O foco do programa não é dar ao jovem apenas uma vaga de emprego, mas oferecer oportunidades de trabalho e renda que o ajudem a construir um futuro com dignidade. Articulado pela United Way Brasil, o trabalho do GOYN em São Paulo começou em março de 2020.

SOBRE A UNITED WAY BRASIL
A United Way é uma das maiores organizações filantrópicas do mundo, fundada em 1887 nos Estados Unidos e presente em 41 países. Atua no Brasil desde 2001 para promover o pleno desenvolvimento e proteção das gerações futuras, com foco em dois momentos fundamentais da trajetória cidadã: a primeira infância e a juventude.

A organização reúne e articula empresários, pessoas, organizações e governos que atuam por meio de programas e projetos, unidos pela crença de que juntos é possível fazer mais.

Por: United Way Brasil

Fonte: gife.org.br

//]]>