Doação é o termo mais conhecido por brasileiros, mas apenas 18% doam dinheiro, aponta estudo

Apesar de 96% dos brasileiros já terem ouvido falar no termo ONG e 60% saber bastante a respeito de doação, apenas 18% realmente apoiam alguma organização com doação em dinheiro. Esses são alguns dados obtidos pela pesquisa ONGs e OSCs, desenvolvida pela Ambev em parceria com o IBOPE Inteligência em 2019.

O levantamento teve como objetivo identificar a percepção e o conhecimento dos brasileiros sobre o trabalho desenvolvido por organizações não governamentais (ONGs) e da sociedade civil (OSCs), além de estudar o comportamento da população e possíveis relações de apoio às instituições.

Com abrangência nacional, o estudo contou com pouco mais de 2.800 pessoas entrevistadas, entre homens e mulheres, com mais de 18 anos, principalmente da classe C, mas também com representação das classes A e B. Os resultados obtidos foram divididos em três blocos: conhecimento, participação e avaliação das ONGs.

Doação é o termo mais conhecido

Entre os termos doação, voluntariado, organização não governamental, terceiro setor e organização da sociedade civil, doação é o mais conhecido pelos brasileiros, considerando que 98% declararam já ter ouvido falar e 60% saber bastante a respeito, com destaque para Pernambuco (67%), Bahia e Rio Grande do Sul (ambos com 66%). O conhecimento sobre voluntariado é o segundo maior, com 45% dos respondentes.

As ONGs aparecem em terceiro lugar. 96% dos respondentes afirma conhecer o termo, mas apenas 32% sabe bastante sobre o assunto. O mais alto conhecimento sobre o tema foi registrado em Minas Gerais, São Paulo e Bahia.

Apesar de iniciativas como o Mapa das Organizações da Sociedade Civil – ferramenta online que reúne o registro e uma gama de informações sobre cerca de 782 mil OSCs atuantes no Brasil -, a sigla é o termo menos conhecido segundo a pesquisa. Apenas 64% dos respondentes já ouviu falar em OSC, sendo que somente 11% sabe bastante a respeito. Rio Grande do Sul e Pernambuco apresentam os maiores índices (43%) de pessoas que nunca ouviram o termo, enquanto o maior índice de conhecimento se dá nos estados da Bahia (71%), Ceará (68%) e Rio de Janeiro (67%).

Temáticas

Apesar de meio ambiente figurar, ao lado de educação, como os segmentos de atuação de ONGs mais conhecidos pelos respondentes (80% e 78%, respectivamente), a pauta ambiental cai para quarto lugar (14%) quando a pergunta é o segmento mais importante. O pódio fica com educação (26%), direitos humanos (20%) e saúde (15%).

Na prática

50% dos respondentes declara colaborar de alguma forma com alguma instituição, com maior presença na região Norte e Centro-Oeste (57%), e, mais especificamente em nível estadual no Rio Grande do Sul (57%), São Paulo (53%) e Minas Gerais (51%).

Apesar desse cenário e do fato de o termo ONG ser o mais conhecido pelos brasileiros, apenas 18% dos entrevistados declara fazer alguma doação em dinheiro. A presença de mais doadores ocorre nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste (19%). Apesar de as regiões Sul e Sudeste figurarem com 18 e 17%, respectivamente, Rio Grande do Sul (22%), São Paulo e Santa Catarina (20%) são os estados que mais doam.

Quando o assunto é doação de itens materiais – a segunda maneira mais conhecida pelos respondentes de colaborar com uma ONG – o índice sobe para 38%, com destaque para as regiões Sul (40%) e Sudeste (38%). Divulgação do trabalho de ONGs aparece com o segundo índice mais alto: 25% dos respondentes afirmaram que passam informações adiante, seja por redes sociais ou conversas.

Apontada como a principal maneira de ajudar uma ONG (69%) e o tipo de colaboração que mais faz diferença, o quesito doação de tempo, ou seja, realização de algum tipo de trabalho voluntário, é mencionado por 18% dos pesquisados apenas. Por fim, o compartilhamento de conhecimento profissional ou técnico para auxiliar o trabalho das instituições aparece em última posição, realizado por 14% dos respondentes.

Apesar de algumas vezes a região Sul ter desempenho acima ou igual à média nacional nos cinco comportamentos de doação citados (dinheiro, itens materiais, trabalho das ONGs, tempo e compartilhamento de conhecimento), Santa Catarina apresenta o maior nível de não colaboração e desinteresse em fazê-lo. O motivo mais apontado para a não participação e contribuição é o fato de não ter procurado informações a respeito (32%), seguido da impossibilidade de se comprometer financeiramente (28%). Apesar disso, 49% dos catarinenses afirma contribuir de alguma forma com as ONGs.

Percepção da importância das ONGs

A pesquisa também se dedicou a entender o que a população pensa sobre o trabalho realizado pelas organizações, suas vantagens e desvantagens. Mais de 70% dos respondentes associa as ONGs a vantagens – sobretudo na região Nordeste -, sendo que do percentual nacional, 36% reforçam a percepção de que elas trabalham pela transformação social, contribuem para o bem-estar social da população, além de desempenhar um papel que seria do governo e promover serviços que o primeiro e segundo setor não realizam com eficiência.

Dos 23% que associam a existência das ONGs a desvantagens, 12% enxerga questões relacionadas a transparência, confiança e credibilidade – com Paraná mostrando o maior índice de desconfiança (19%) -, argumentando sobre desvio de dinheiro e pessoas que se aproveitam do princípio das instituições para enriquecer e tirar vantagens pessoais.

Nas cinco regiões pesquisadas é praticamente unanimidade que o trabalho desenvolvido pelas ONGs é relevante e melhora a vida de pessoas que têm menos oportunidades. É possível observar algumas discrepâncias, entretanto, na região Sul, onde é maior a percepção de que as ONGs não mudam nada da vida dos respondentes (29%) e só querem dinheiro público (24%).

A apresentação dos achados da pesquisa pode ser conferida neste link, enquanto os dados gerais estão disponíveis para download aqui.

Fonte: GIFE / escolaaberta3setor.org.br

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